Este deve ser um dos aspetos mais difíceis de ter fibrose pulmonar idiopática (FPI): a falta de ar. As dificuldades respiratórias são responsáveis por uma diminuição da qualidade de vida observada e por uma restrição significativa das atividades diárias. Não é de admirar que o controlo eficaz da falta de ar seja um dos objetivos principais dos cuidados de doentes com FPI. Mas em que situação estamos atualmente no que diz respeito a este campo desafiador? Os investigadores apresentaram uma síntese na revista denominada Expert Review of Respiratory Medicine.
O que é que acontece exatamente no organismo quando falta o ar devido à FPI? Esta falta de ar está relacionada com uma «discrepância» entre os sinais neurológicos e a resposta mecânica. O sistema nervoso diz aos pulmões para funcionarem com mais intensidade (o «sinal neurológico»), mas, devido à FPI, os pulmões não conseguem responder de forma apropriada. A resposta mecânica (a dilatação dos pulmões para aspirar o ar) não é suficientemente forte. O doente está ciente desta discrepância e isso aumenta a sensação de inspiração insatisfatória. Esta discrepância acontece principalmente durante períodos de esforço, o que leva os doentes a limitarem as suas atividades e influencia negativamente a sua qualidade de vida.
Devido à cicatrização nas partes mais pequenas dos pulmões, é mais difícil para o oxigénio passar dos pulmões para a corrente sanguínea
Contudo, os pulmões também têm de funcionar com mais intensidade quando se está em repouso. Devido à FPI, os pulmões tornam-se «mais rígidos», o que dificulta a sua expansão, sendo o ar expulso dos pulmões a uma velocidade superior à desejada. Uma terceira coisa que acontece nos pulmões com FPI é algo designado por «troca gasosa diminuída». Devido à cicatrização nas partes mais pequenas dos pulmões, é mais difícil para o oxigénio passar dos pulmões para a corrente sanguínea. Todos estes factos fazem com que os doentes com FPI adoptem um padrão respiratório mais rápido e menos profundo.
Então, podemos lidar com a falta de ar na FPI? Os investigadores mencionam vários tratamentos. Infelizmente, as evidências para os tratamentos que influenciam positivamente a falta de ar na FPI são insuficientes. Como resultado, os investigadores defendem a realização de estudos concebidos de modo mais criterioso. Estes estudos devem determinar a eficácia das intervenções no controlo da FPI e conter pistas sólidas sobre como combater este grave sintoma.